domingo, 23 de dezembro de 2012

Auto-retrato do escritor enquanto corredor de fundo - Haruki Murakami



Título: Auto-retrato do escritor enquanto corredor de fundo
Autor: Haruki Murakami
Nº de Páginas: 186
Editora: Casa das letras

Sinopse: «Em 1982, ao mesmo tempo que abandonava o lugar à frente do clube de jazz e que tomava a decisão de se dedicar à escrita, Haruki Murakami começava a correr. No ano seguinte, abalançou-se a percorrer sozinho o trajecto que separa Atenas da cidade de Maratona.
Depois de participar em dezenas de provas de longa distância e em triatlos, o romancista reflecte neste livro sobre o que significa para ele correr e como a corrida se reflectiu na sua maneira de escrever. Os treinos diários, a sua paixão pela música, a consciência da passagem do tempo, os lugares por onde viaja acompanham-no ao longo de um relato em que escrever e correr se traduzem numa forma de estar na vida.
Diário, ensaio auto-biográfico, elogio da corrida, de tudo um pouco podemos encontrar aqui. Haruki Murakami abre o livro das confidências (e a sua alma) e dá a ler aos seus fiéis leitores uma meditação luminosa sobre esse ser bípede em permanente busca da verdade que é o homem.»

Primeiro livro que leio deste autor, de quem já tive oportunidade de ler críticas maioritariamente lisonjeias e, tal como esperava, agradou-me. Embora não se trate de um romance - género pelo qual o autor é mundialmente reconhecido - sinto que fiquei embrenhado na sua narrativa, ainda que pequena, de uma maneira não muito distante da que fico quando leio romances propriamente ditos, quero com isto referir-me a prosas de maior envergadura. Penso que tal se deva à fluidez natural da sua escrita, que parece ser de alguém que escreve com tanta naturalidade como quem bebe um copo de água ou, melhor, como quem dá uma corrida matinal. 
Neste diário conceptual ficamos a conhecer os hábitos que Murakami trás consigo à muito tempo e que acabaram por permanecer e agora fazem parte integrante da sua rotina. Conseguimos perceber uma certa relação de amor-ódio do autor com a corrida que, embora incuta algum sofrimento, lhe dá muito mais do que aquilo que lhe pede, acabando mesmo por ajudá-lo a libertar uma certa tensão do corpo e dar-lhe uma enorme sensação de liberdade, o que acaba inevitavelmente por ajudá-lo no seu verdadeiro ofício, a escrita.
Como se de uma personagem se tratasse, sentimo-nos apegados ao autor ao passo que vamos ouvindo as suas aventuras corredoras um pouco por todo o lado. Agradou-me especialmente o capítulo em que participa na ultra-maratona, percorrendo de uma assentada 100 quilómetros. Nessa  corrida em questão, é-nos relatado o sofrimento do corredor de fundo em prol do seu objectivo, moral com a qual me identifico particularmente e que, visto de outro ângulo pode muito bem ser uma metáfora aplicada no dia-a-dia. 
Espero voltar a ler Murakami.

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